Caminhos de Santiago, da Sé do PORTO a SANTIAGO de COMPOSTELA

Um desafio de cerca de 250  Km em BTT

(2003-06-19, 20, 21 e 22)

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Forum

 

Objectivo:

Cumprir o famoso trajecto dos Caminhos de Santiago Portugueses, desde a Sé do Porto até à catedral de Santiago de Compostela com uma equipe unida até ao regresso, em regime de autonomia total.

 

A Equipe:

Tim Hardrock, presidente do Clube Amigos da Serra, Humberto Trek, Rui Revolver (a partir de Ponte de Lima), João Gaiabike, Pironi e Paulo Thor.

 

Resumo do 1º dia: (Porto-Courel, aprox. 40 Km)

A disponibilidade de cada um apenas permitiu que a partida em V.N.Gaia fosse às 18h30 rumo à Sé do Porto. O dia estava ainda muito quente na casa dos 40 graus o que foi de facto uma grande contrariedade. A intenção inicial era alcançar Barcelos, o que não viria a ser possivel pois ao chegarmos à zona de Courel, as obras locais encobriam as marcações do caminho, facto que motivou a 1ª paragem para no dia seguinte recomeçar com melhor visibilidade.

Marcante desta etape foi tambem o facto de o grupo ficar reduzido a 4 dado que um dos elementos por motivos pessoais viu-se obrigado a desistir.

Dado o adiantado da hora não foi possivel jantar bem nem providenciar boas condições de dormida. Apenas conseguimos petiscar umas moelinhas com pão num café local onde travamos conhecimento com simpáticas pessoas, uma das quais disponibilizou o seu quintal e garagem para a pernoita do grupo.

A noite decorreu lentamente com temperatura rondando os 30 graus, muitos cães, pintainhos e vacas a tentarem dialogar noite dentro, o que originou que o descanso fosse praticamente nulo.

 

Resumo 2º dia: (Courel-Rubiães, aprox. 70 Km)

Se a noite tinha estado quente, o dia viria a estar  “melhor”; mais uma vez o termometro levava-nos desde cedo para a vizinhança dos 40 graus. Muito mal “comidos” e muito mal dormidos lá fomos decididos a fazer o melhor possivel nestas condições.

À passagem por Ponte de Lima surge um imprevisto: a roda de trás de Tim Hardrock rendeu-se à dureza dos caminhos e ao peso do seu condutor mais os cerca de 10 quilos da mochila e entregou a sua alma ao criador repuxando o aro na zona de um dos raios.

Valeu no entanto o facto de o Rui Revolver estar a caminho de Ponte de Lima para começar sua participação nesta aventura, que entretanto trazia um par de rodas enviadas pelo Luís da Gaiabike que gentilmente as emprestou para contornar o problema.

Resolvido o problema da roda, o grupo passava então de novo a 5.

Esta etape, foi para a maioria dos participantes a mais dura pois acumulava muito esforço relativamente à  pouca alimentação e pouco descanso.

Apenas à noite, muito tarde e com muita sorte,  foi possivel providenciar jantar e dormida finalmente decentes para uma grande recuperação física.

 

Resumo 3º dia: (Rubiães-Pontevedra, aprox. 70 km)

Mais uma vez, para variar, desce cedo os 40 graus não tardaram a aparecer. O calor desesperante insistia em querer abafar o animo do grupo. No entanto a melhoria das condições de descanso e alimentação do dia anterior surtia o seu efeito permitindo assim resitir à adversidade das condições.

À passagem em Valença, por razões pessoais, mais um elemento é obrigado a abandonar a equipe, ficando de novo o grupo reduzido a 4.

Se a nível físico a situação se manteve firme, o mesmo não aconteceu a nivel psicológico. Quase no fim desta etape, à passagem em Redondela, o inevitavel desmanchar da equipe começava-se a esboçar, tendo como base a falta de acordo na forma como o passeio iria decorrer a partir dali. No entanto ainda foi possivel criar condições para chegarmos todos juntos a Pontevedra, embora em regime nítido de 2 + 2. 

 

Resumo 4º dia: (Pontevedra-Santiago de Compostela, aprox. 70 Km)

Finalmente melhoria das condições climatéricas. O sol resolveu esconder-se de vez em quando e a temperatura desceu para niveis facilmente suportaveis.

Não havendo acordo quanto à hora de saída, nesta fase de arranque a divisão da equipe foi inevitavel. Assim, divididos em duas partes, deram partida a horas diferentes. A equipe da frente chegou sem problemas ao seu destino, iniciando então o regresso a V.N.Gaia, tendo o respectivo apoio logístico já organizado; no entanto o mesmo não se passou com a segunda equipe, que partindo mais tarde teve de enfrentar alguns problemas pelo caminho bem como, no final, uma vez "apeada", improvisar condições de regresso a casa.

 

Nível de dificuldade C.A.S:

Físico–5 (muito difícil), considerando o modo errado como tudo foi feito.

Técnico–3 (médio).

 

Agradecimentos especiais:

Ao Luís da Gaiabike por ter apoiado Tim Hardrock emprestando-lhe um par de rodas, ao Paulo Thor e José Nunes que deram preciosa colaboração no "resgate" final da equipe.

 

Conclusões:

Na minha opinião esta viagem constitui um desafio obrigatório para quem seja amante do BTT. Constitui um percurso rico quer na vertente desportiva, quer na vertente turística.

A todo o momento somos surpreendidos por mais uma subida fortíssima, um “single track”, uma descida louca, uma paisagem espectacular … ou por mais uma pessoa que anda a fazer o mesmo percurso com motivações diferentes, com quem se pode conversar um pouco

Para se disfrutar deste passeio, aproveitando o que de melhor for surgindo, penso que o ideal são quatro dias completos, embora se possa fazer em muito menos tempo.

Notei que em Espanha o povo está muito mais solidário com estas iniciativas pois à passagem éramos frequentemente saudados e encorajados, facto que em Portugal ramente acontecia.

A nível de grupo, considero que alguns elementos não estavam preparados psicológicamente para enfrentar um evento desta envergadura, deixando que suas atitudes fossem comandadas cegamente pelo stress e pela ansiedade, desestabilizando e quebrando completamente o espírito de equipe, tão fundamental neste tipo de desafios. Não sendo em caso algum a falta de condição física, estou convencido que foram o medo de não conseguir,a falta de convicção e o excesso de calor, que os precipitaram nessa situação.

A nível pessoal fiquei feliz com a minha prestação, consegui o meu objectivo: atingir o final em boas condições físicas e psicológicas, dando no devido momento,  apoio  àqueles que dele mais precisaram!

A todos os que participaram um grande abraço e tenho a certeza que todos aprendemos muito neste super-evento, quanto mais não seja, a conhecer-mo-nos um pouco melhor!

 

ATÉ SEMPRE !

 

 Tim HardRock – Presidente do Clube Amigos da Serra